Ao menos 84 pessoas morreram na noite de quinta-feira (14/7) em Nice atropeladas por um homem armado que avançou com seu caminhão contra a multidão em meio à celebração da festa nacional francesa, um atentado terrorista ainda não reivindicado.
O motorista, que durante dois quilômetros avançou semeando caos e morte, foi identificado como Mohamed Laouiaej-Bouhlel, nascido há 31 anos na cidade tunisiana de Sousse e morador de Nice, capital da Riviera Francesa. Seus documentos foram encontrados no veículo.
O ataque desenfreado deixou ao menos 84 mortos, entre eles dois americanos, um ucraniano, uma suíça, um russo e uma armênia. Várias crianças estão entre os mortos, e cerca de 50 pessoas seguem "entre a vida e a morte", segundo o presidente François Hollande, que advertiu a partir de Nice que a França "não terminou" com o terrorismo.
Entre os mortos e feridos - disse - há "franceses e também muitos estrangeiros, procedentes de todos os continentes". No momento do drama, centenas de pessoas acabavam de presenciar no Passeio dos Ingleses, a avenida costeira de Nice, os fogos de artifício por ocasião do aniversário da Queda da Bastilha.
O veículo de 19 toneladas avançou por dois quilômetros, atingindo as pessoas pelo caminho, até o motorista, que tinha uma arma e atirou várias vezes, ser abatido pela polícia. "Ouvi um 'bum', me virei e vi o caminhão acelerando, e corpos que eram lançados", contou Najate, uma moradora de Nice de 72 anos que presenciou a cena.
Um motociclista tentou deter o caminhão abrindo a porta do motorista, mas finalmente foi atropelado, explicou o jornalista alemão Richard Guthahr, que presenciou a cena a partir da varanda de um hotel. A polícia indicou que o motorista "mudou de trajetória ao menos uma vez", o que significa que "claramente tentou provocar o maior número de vítimas".
Um indivíduo "solitário"
Horas mais tarde, a praia situada em frente ao Passeio dos Ingleses estava deserta. Dois militares a bordo de uma lancha advertiam aos poucos banhistas que eles deveriam sair da água e ir embora.
Ángela Rojas, uma advogada colombiana de 26 anos, estava tomando sol na rua junto à praia e confessava sua estranha sensação: "Ainda tenho um pouco de medo e tristeza". "Nunca imaginaríamos que aconteceria aqui; nas grandes cidades como Paris sim, mas não aqui". No bairro onde o autor do ataque vivia, no leste da cidade, vários vizinhos o descreveram como "solitário e silencioso". A polícia fez buscas em seu apartamento e deteve sua ex-mulher para interrogá-la.
Fontes policiais disseram que o veículo havia sido alugado na região há alguns dias e que dentro foram encontradas armas falsas e uma granada desativada. A mesquita de Al-Azhar, a mais alta autoridade do Islã sunita, pediu a união de "esforços para derrotar o terrorismo e limpar o mundo deste mal". Já os diplomatas do Conselho de Segurança da ONU mantiveram um minuto de silêncio nesta sexta-feira pelas vítimas do ataque antes de uma reunião convocada para discutir a situação no Iraque.
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