Uma série de denúncias graves coloca o Hospital Monte Sinai, único exclusivamente privado da região de Garanhuns, no centro de uma crise sanitária e ética. O Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) realizou uma fiscalização surpresa na unidade e revelou um cenário considerado alarmante pela equipe técnica.
A vistoria, feita em duas etapas — na noite da segunda-feira (2) e na manhã de terça-feira (3) —, apontou falhas estruturais e operacionais que colocariam em risco direto a vida dos pacientes. Entre os principais problemas constatados está a ausência total de enfermeiros em setores críticos como a Emergência e a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além do número insuficiente de técnicos de enfermagem.
Segundo o Coren-PE, um técnico estaria realizando a triagem dos pacientes — uma atribuição legalmente exclusiva de enfermeiros, conforme a Lei nº 7.498/1986. Para a fiscalização, a sobrecarga dos profissionais e a falta de descanso ferem diretamente as normas trabalhistas e representam risco à integridade física dos usuários do serviço.
A chefe do Departamento de Fiscalização do Coren-PE, Ivana Andrade, foi enfática: “A exaustão física, cognitiva e mental desses profissionais compromete gravemente a qualidade da assistência. O paciente é quem mais sofre.”
Os dados de mortalidade reforçam a gravidade. No mês de maio, oito dos 21 pacientes internados na UTI não resistiram. Com apenas cinco leitos intensivos, o Hospital Monte Sinai atende a uma demanda de 21 municípios da região, sem retaguarda adequada.
O caso chegou ao Ministério Público. Representantes do Coren-PE se reuniram com o promotor de Justiça Bruno Miquelão Gottardi, que prometeu convocar audiência com a direção da unidade. O Conselho não descarta ações mais rígidas, como interdição ética ou mesmo a judicialização da situação por meio de ação civil pública.
Até o momento, a direção do Hospital Monte Sinai não se pronunciou. O portal Agreste em Alerta segue à disposição para publicar o posicionamento oficial da instituição.
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